Os Primeiros Brasileiros
“Os Primeiros Brasileiros” foi concebida com a ideia de ser uma exposição itinerante e foi aberta ao público em diferentes lugares do Brasil e também na Argentina. No momento que o Palácio de São Cristóvão, sede do Museu Nacional/UFRJ, foi atingido pelo incêndio, a exposição estava no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, Distrito Federal. Este fato permitiu que pudesse ser remontada integralmente no Arquivo Nacional, instituição com a qual o MN firmou um protocolo de intenções, base para a cooperação técnica e o apoio material no processo de resgate do MN.
A exposição foi encerrada em março de 2020 por conta das medidas de distanciamento social tomadas devido a Pandemia do COVID-19, tendo o público estimado em cerca de 2.200 pessoas.
Texto do Curador Profº Drº João Pacheco Oliveira sobre a exposição:
“A exposição propõe ao visitante um passeio pela história do Brasil assinalando as diferentes formas pelas quais os indígenas do Nordeste foram vistos e incorporados ao processo de formação nacional. Para isso, a mostra é integrada por seis espaços distintos: os primeiros brasileiros, o mundo colonial, o abrigo missionário, o índio como símbolo nacional, o mundo indígena e os indígenas no Brasil contemporâneo. As imagens e as músicas têm um lugar essencial na exposição, funcionando como disparadores de significados. Os textos são âncoras e detalhamento da narrativa, que deve ser intuída, sobretudo, através das imagens. O objetivo é estimular o visitante a vivenciar um processo de reavaliação efetiva do “nós” e dos “outros”, oferecendo ao público imagens e informações de natureza histórica e cultural que propiciam uma identificação positiva com aquelas coletividades. A exposição pretende favorecer o despertar de novas questões, emoções e perspectivas sobre os indígenas do Brasil, constituindo-se em uma estrada aberta ao fim da qual cada um poderá reexaminar seus próprios conceitos e opiniões, distanciando-se dos estigmas e preconceitos com os quais operam tanto o senso comum quanto às representações eruditas e populares. O fundamento legitimador dos direitos com que contam os indígenas hoje advém precisamente do reconhecimento de sua condição de herdeiros e descendentes da população autóctone. Seu direito à terra, à vida e ao bem-estar precede, portanto, em termos lógicos e históricos, à colonização portuguesa. Isso está consignado, inclusive, nos atos fundadores da nação brasileira, onde José Bonifácio de Andrada e Silva, o chamado “patriarca da Independência”, trata os indígenas como parte formadora de nosso povo e dá início a uma tradição jurídica que se estende até o indigenismo republicano (materializado no antigo Serviço de Proteção ao Índio), o Estatuto do índio e se atualiza na Constituição de 1988. Isso marca, igualmente, o pensamento social e as artes brasileiras. É por esse prisma que se constitui a exposição, assumindo sua ligação e compromisso com os direitos indígenas e a sua luta atual por formas de cidadania diferenciada.”